Cine-debate com Cavi Borges

A 1ª Mostra de Cine-teatro, que acontece no parque de Eventos de Extrema, foi aberta com exibição do filme “Cidade de Deus, dez anos depois”, do diretor Cavi Borges. Depois do filme, o diretor abriu um debate com o público presente.

O documentário foi lançado em 2012 e mostra o que mudou na vida dos atores do filme “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles, personagens que já fazem parte da história do cinema nacional, como Dadinho, Zé Pequeno e Bené.

“O filme fala também da dificuldade de se fazer cinema no Brasil, especialmente se você é negro e vem da favela”, declarou Cavi Borges.

O diretor explica que muitos dos atores acabaram não conseguindo aproveitar o sucesso do filme, e alguns até se deram mal. “É difícil, quem tem família que dá suporte, ou um empresário, conseguiu, mas as pessoas acham que é só fazer um filme pra se dar bem, e não é em assim”, afirmou.

Leandro Firmino, por exemplo, o ator que fazia o Zé Pequeno – “e que era um ótimo ator” – teve ótimas oportunidades, inclusive de filmar com Spike Lee. Mas ele não conseguiu decolar, como o seu Jorge decolou. Seu Jorge foi lá, batalhou e aproveitou a oportunidade. A janela abriu pros dois, um aproveitou. Mas Cavi Borges destaca que essa questão de quem se deu bem ou se deu mal é muito relativa. “Se dar bem não é apenas questão de ter sucesso e sair da favela. Viver bem, honestamente, cuidando do filho, como acontece hoje com o Bernardo Silva, que no passado chegou a entrar pro crime, isso pra mim é se dar bem”. O diretor conta que era amigo da maioria das pessoas que estavam aqui no seu filme. “Nós tomamos muito cuidado para não expor nossos amigos no filme.”

Com muita simpatia, Cavi Borges ainda conversou sobre os processos de financiamento de um filme, da produção, da composição da trilha musical – baseada em ritmos da favela, o funk e o samba –, do prêmio ganho da Ancine que permitiu a ele trabalhar na divulgação do filme, e da relação de Meirelles com os distribuidores. “Se Meireles estivesse sozinho nessa empreitada de distribuição, não sei se “Cidade de Deus” iria alcançar todo esse sucesso”, declarou Borges.